Bastidores Capítulo 10 - Ligando o ctrl+foda-se

Nesses últimos dias eu estava planejando fazer uma versão impressa do Diário. Consegui um ótimo roteirista para me ajudar, o Ary, e as idéias dele acabaram me dando uma nova percepção da Virgínia a ser trabalhada. Estava tudo planejado e caminhando, ele me mandou o roteiro, eu esbocei, estávamos trabalhando nos ajustes. Eu tinha até um esquema de planejamento mês a mês pregado na minha parede. Já tinha até uma gráfica em mente, onde eu poderia imprimir. Já imaginava até encomendar um clichê com a marca do Diário para dar algum efeito de relevo ou hot stamping na capa. Já me imaginava no FIQ, no final do ano, vendendo meu trabalho. Afinal ir pro FIQ (cheio de quadrinhistas rockstars) sem o meu trabalho não me passava pela cabeça. Quem sabe lá algum figurão iria gostar do meu trabalho? Quem sabe eu teria finalmente um quadrinho oficialmente publicado? Quem sabe? Quem sabe?

Então, sem querer, meu braço escorregou e eu apertei o ctrl+foda-se.

Eu tenho um ótimo emprego, graças a Deus, que me permite manter o Diário sem que eu passe fome. Então ficar rica com o Diário não é minha prioridade. Foda-se!

O Diário me proporcionou um crescimento e amadurecimento incomensurável na minha arte, no meu trabalho. Experimentar me tornou uma designer e uma ilustradora melhor, resultado que talvez não obtivesse se não tivesse essa liberdade para tentar coisas novas. Foda-se!

Esses pequenos pixels e essa pequena tela me permitiu entrar em contato com gente bem legal. Conheci um Doutor-desenhista da Filipinas, que me mandou (de lá!) uma impressão dos seus quadrinhos e olha só, antes do Diário ser traduzido para o inglês ele digitou tudo no google tradutor para entender minha história. Thanks so much, Carlo. Conheci um pessoal gente boa que também está no mesmo barco que eu, fazendo o que gosta. Até conheci alguns deles pessoalmente em Brasília, os simpáticos Wesley Samp, Maurício Rett, Daniel Esteves e Verônica Saiki. Ganhei de fim de ano uma ilustração linda em aquarela (ô, inveja, hein Filipe Remedios!) com os meus personagens. Ganhei uma caixa enooooorme cheia de ilustrações fofas de uma menina super talentosa (obrigada, Caroline!) E autógrafos (nhém, nhém, nhém, eu tenho!) dos irmãos talentosos Vitor e Luciana Cafaggi. Ainda fiz minha primeira ilustra profissional e vi meus personagens ganharem as capas dos sketches lindos do site The Flaming Pie. Comecei até um namoro-paquera-sei-lá-que-foi-aquilo com um carinha de São Paulo, que me contatou para falar do meu trabalho (foda-se idiota, além de perder uma grande garota ainda não mandou meu autógrafo do Manara (se é que esse autógrafo existe mesmo!) Foda-se³!). Hummm...será que esqueci alguém? Aconteceu tanta coisa.....desculpem se esqueci.

E fiz oficina, e falei do meu trabalho, e gaguejei e me achei idiota, e algumas vezes tive vontade de me enfiar num buraco porque não sabia o que estava fazendo. Mas, eu tentei, eu fui lá.... eu venci o medo de dirigir, imagina!! E sempre que eu pensava: será que estou fazendo certo? A Cátia Bad Girl, com uma jaqueta de couro, um penteado moicano e um palito na boca gritava para mim: foda-se!

Será que sou boa? Ah, foda-se!
Meu trabalho é bom mesmo? Ah, foda-se!
Vou conseguir? Ah, foda-se!

Sendo assim, foda-se! Vou continuar com o Diário assim, porque é assim que ele tem me ajudado. Vou tentar coisas novas, pirar na batatinha, chutar o pau da barraca! O Diário é o meu suporte, em todos os sentidos, é onde posso experimentar, me apoiar, me ajudar. Então, foda-se!


Porque eu desabafei aqui? Sei lá! Foda-se, só queria desabafar.


E para me desculpar o palavreado chulo e de baixo calão, abaixo uma doce imagem que abrirá o Capítulo 10 do Diário. Logo, logo trago novidades sobre ele.

Tags : #Bastidores

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Cátia Ana